25 setembro 2011

Carta aberta à um amor platônico



                 Gosto de ouvir desabafos. É quando as pessoas deixam cair as máscaras, baixam a guarda e se mostram verdadeiramente por quem são. São 8 da noite de domingo, e conversando com uma amiga, ouvia dela um romântico desabafo. A história de estranhos que se encontraram, ficaram juntos, descobriram quem são e por algum motivo, talvez um timing errado dos dois,  a indiferença dele, ou paixão demais dela, acabaram por trilhar caminhos completamente opostos. Não é minha intenção reabrir cicatrizes que não ardem mais, mas talvez seja a hora, querida amiga,  de deixar o mundo ver os seus desabafos escritos à noite, baixinho, junto ao travesseiro. A carta a seguir é nada mais que um desabafo de uma menina à um amor que foi. E que ainda é. 

"Hoje é Quinta-Feira 11 de Novembro de 2010. Faltam 3 semanas para o momento mais importante da minha vida até agora e ao invés de focar nisso de vez, eu estou aqui escrevendo por você. Essa é mais uma das cartas que eu nunca vou te entregar.
E eu já não sei mais se eu te considero uma pessoa ou uma utopia, quem sabe a personificação do meu fracasso e do que meus relacionamentos foram até hoje, ou um modelo de como a gente não escolhe por quem se apaixonar.
Já que estamos falando em datas, vamos a elas. Hoje faz 4 meses que ficamos, mas ontem você fez um mês de namoro. E eu achei que a partir de então era hora do seu prazo de validade expirar, no entanto, depois de tanto tempo, para a efemeridade contemporânea, eu ainda penso em você. E o pior, eu ainda guardo esperança. Achei que não guardava. 
Porém, quando escuto uma música, ou penso no futuro, penso em nosso reencontro. A grande ironia disso tudo é que não é como se você estivesse distante, eu te vejo todos os dias, mas aquela música já diz que às vezes “o perto ainda é muito mais distante que qualquer lugar”.Estou naquela péssima fase de desconstrução. Em que me esforço pra pensar que você é um mau-caráter, o que nem é tão difícil assim, já que praticamente todos os meus amigos fazem coro e as pessoas com quem andas, por vezes, me causam nojo.
No entanto, vou confessar meu maior medo. Desperdiçar as oportunidades, quando estas enfim aparecerem, pelo simples fato de não querer ninguém no mundo além de ti. É doentio, eu sei, mas o grande vazio que foi a nossa brevíssima história deixou-me com tantas reticências de dúvida e exclamações de revolta com a realidade dos fatos, que eu não tive como colocar um ponto final na efervescência do meu pensamento e da minha imaginação que desembocava, irreparavelmente, no “se”."


Ps: Essa carta não é de minha autoria. Mas de uma amiga que prefere permanecer no anonimato


Raissa Almeida

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